Um início


A vida é um bater de asas, um soltar amarras, um querer estar. 
A vida é o culto utópico de redenção de nós mesmos, o descobrir do oculto que esteve óbvio e o encobrir de verdades que não sabemos enxergar. 
Viver é tecer pontos que não se interligam, é rabiscar desenhos cujo resultado não se antecipa, é cantar canções para o alto na esperança de que se façam ouvir em nosso íntimo.
Vivos, somos estrada de mão dupla com destino a horizontes longínquos, habitados de paradas que nos abastecem de ar - que nos tiram o ar. Vivos, somos pontos de luz vistos da estratosfera, somos focos de calor que aquece um irmão, somos aroma de infância que acalenta sustos.
Nos estendemos alegremente, mãos em mãos, pés em casas novas, vozes pelo mundo: mundo que é de todos, que é de outro, que é de cada um. Nos encolhemos tristemente. Vãos, quando não vivos; sãos, quando não soltos; mitos, quando perfeitos.
A vida é o assombro que nos amarra pelo calcanhar. A garganta seca que nos faz verter lágrimas pelo peito. O desassossego do abraço que parte e chega, sem cessar.

Comentários

Postar um comentário

Deixe o seu olhar

Postagens mais visitadas