Cantar sobre os Ossos

 no livro Mulheres que correm com os Lobos,  a autora e minha mentora escolhida Clarissa PínkolaEstés, nos fala sobre "recolher os ossos" e "cantar sobre os ossos".

 "é um conto de ressurreição".

ela se refere a resgatarmos, pouco a pouco, aquilo que se perdeu de nós, da nossa alma, para que possamos retomar nosso estado de inteireza, restaurar rupturas internas, colocar bálsamo nas feridas e recuperar a força de vida.

"Todos nós começamos como um feixe de ossos perdido em algum ponto num deserto, um esqueleto desmantelado que jaz debaixo da areia. É nossa responsabilidade recuperar suas partes.", ela diz.

Na história, "La Loba canta sobre os ossos que reuniu. Cantar significa usar a voz da alma (...), soprar alma sobre aquilo que está doente ou precisando de restauração."

quem conhece o livro, sabe que ele trata das camadas profundas da psique feminina,  e que sua linguagem (nada menos do que GENIAL) foi estruturada para mover conteúdos simbólicos de nosso subconsciente.

(tenho a intenção de criar algo baseado na riqueza infinita deste livro)

percebi que o trabalho interno de reconexão ancestral,  tão caro para mim, é uma das formas mais importantes de cantar sobre os ossos. 

os ossos simbolizam "a indestrutível força da vida".

ao recolher partes da nossa história mais antiga, estamos reconstituindo em nossa alma algo sagrado que "corria o risco de se perder para o mundo", e para nós mesmas.

com estes buracos na alma não é possível ter força psíquica o suficiente para realmente trazer às feridas o bálsamo do qual elas necessitam para sanar. 

"Essa função feminina de descobrir e cantar o hino da criação é um trabalho solitário, um trabalho realizado no deserto da psique"

quando caminhamos por nossa história pessoal e ancestral - da maneira e na proporção que for possível - estamos trazendo ao nosso tempo presente e à nossa vida toda a força e restauração de alma que nenhum recurso externo jamais poderá oferecer.

que La Loba nos abençoe. ❤️‍🔥

B.

(a foto é de outubro de 2013)