Centauro de Guerra




Não conseguirmos sequer nos falar, chegar a ponto tal de incomunicação em que toda palavra dita parece absurdamente fora do espaço do sentimento bonito que nutri e pratiquei, sempre foi para mim como o pior dos pesadelos feito carne. Ou verbo. 
Como quando aquele fantasma mais feio, mais maligno, sai de um armário que não deveria existir.
Como se alguém que pareço ter sempre conhecido, muito embora não tenha e isto seja um devaneio, transformasse-se no lado oposto do amor, num centauro impiedoso com flechas de fel nas mãos, e blocos de cal no coração. Inatingível, mas não porque lhe desejaria  atingir, apenas porque lhe precisaria tocar.  
Um longe tão longe que desafia as leis da geografia ao fazer o mais perto, distante; uma distância que não faz menção de  encontrar retorno. Camuflando-o em roupa de guerra, mas sem me deixar saber se fora sempre esta a veste de seu verdadeiro eu, o qual talvez antes permanecesse oculto. 
Um movimento anti-natural. Rotação e translação anti-horários, causando que o dia inicie pela noite.

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