Dito pelo nunca dito
Enquanto sangrava, pensava
que só feliz se distribui felicidade
Enquanto sangrava, lembrava
que ouvir ações é mais inteiro do que ouvir palavras
Palavras se apoiam na superfície.
Enquanto sangrava, dizia
que muito sugerir e nada fazer deixa tudo como se nada
nunca tivesse acontecido
Enquanto sangrava, questionava
se aquilo que não é dito quer esconder o que é vivido,
Enquanto sangrava, imaginava
o que é que tudo isso veio dizer?
Enquanto sangrava, temia
por deixar a segurança e andar, ou deixar a segurança e ficar
Enquanto sangrava, sonhava
com o sim inegável, explícito, irrevogável
Enquanto sangrava, sentia
lugares por onde passou, brisa e ventania
Enquanto sangrava, queria
os dedos mágicos da mudança trazendo harmonia
Enquanto sangrava, não pensava sobre quem era
mas sobre quem pretendia se tornar, sobre quem sangrava para se tornar.
Era vermelha a espera, e vermelha a ação
e vermelhos, encanto e decepção
Seus olhos vermelhos na linha longe
seu peito vermelho no vácuo
sua voz, vermelha na canção.
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