Palavras, apenas




os versos posso escrever
posso descrever algo do íntimo
pintando palavras doces e amargas
posso falar quem sou

Falar do que sei 
a respeito de mim
Acreditando sempre que descrevo a realidade
Fatos verídicos

Neste palco há tantos personagens
a cada ato, a cada cena
deixam-me boquiaberta de não saber
qual dublê de mim  sou neste eu

Quando com a esperança em frangalhos
faço-me crer em certos xistes
Leitura labial de sentimentos paralelos
independentes. Posso verter imagens.

Acredito tanto no canto
neste estardalhaço que faço
se fico em pedaço
para o mundo me calar

E quando maior é vácuo
e se gritasse, teria tanta razão
Calo. Nem um passo de palavra posso dar
nem um quarto de alento posso ter.

Imobilizam as cordas vocais 
de pensamentos que não preciso ter.
Mas ninguém nunca perguntou
do que preciso. Riso?

Melhor adivinhar desenhos das nuvens
encantar-me com finais de tarde frescos de cor.
Escolher obras de arte que nunca terei
para que pegue a vida desatenta deste vazio.

Procurar prolongado causa cansaço
falta parece desabraço, regaço de mal me quer
Não vou para os lugares onde estive
Saí, mas volto antes de chover.

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