On the road



Venho com os olhos fixos na estrada. A estrada e eu. Só nós duas, somos uma nessa hora.

Venho tentando resolver qualquer ontem, planejando algum amanhã. Pensando, na verdade. Desejando. Tenho medo de planejar porque respeito demais o imponderável da vida.

O corpo estático. Quanto mais estático o corpo, mais ativa a mente. Movimentos rápidos de cílios, quem sabe, com algumas lágrimas. Lacrimejo quando penso.

Na estrada posso ser eu. Sem máscaras nem disfarces que o todo dia às vezes impõe. Na estrada posso ter todos os medos e dúvidas que quiser, posso pensar todas as coisas que a cabeça buscar, sem recriminação alguma. Posso achar respostas para perguntas descabidas. Posso trazer soluções rápidas para mistérios insolúveis da existência, e fica tudo bem, por alguns minutos. Posso perguntar, e perguntar, e perguntar.

O asfalto escuro me alimenta os devaneios. Vezes chove, vezes venta, vezes a neblina ou o sol decoram as palavras que jorram do meu olhar, atravessando o vidro, batendo nas linhas amarelas. Não ouço barulhos, senão o vendaval de minhas idéias se debatendo.

E todos os dias vou. Todos os dias volto. Mas a estrada é minha constante. A estrada é meu caminho permanente, levando e trazendo, fazendo chegar e partir de mim, rumos quais queiram.

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