Medo da Igreja
Hoje, li um email que recebi, "intitulejado" Proteja Seu Casamento. Bem, até aí, tudo indo bem e eu sou ABSOLUTAMENTE a favor das pessoas casadas (na lei ou na alma), protegerem, cuidarem e nutrirem sua união. Lindo e necessário para a boa saúde da relação. Vital mesmo.
Porém, me dá um medo muito grande em saber que, em diversos aspectos da nossa sociedade, as pessoas não são educadas nem orientadas para pensar, agir e interagir, segundo a sua consciência mais entranhada. Segundo valores e crenças pelos quais elas deveriam - na minha modesta opinião - pautar a sua vida. Por "não são educadas", entenda que quero dizer que, se deixada ao seu próprio julgamento, uma pessoa não saberá ou não quererá optar pelo caminho da virtude. Ou, ao menos, foi o que me deu a entender o fatídico texto, escrito por um padre cujo nome não me recordo, nem faço nenhuma questão de recordar.
Nada contra este ou qualquer outro padre, que fique claro. Nada contra esta ou qualquer outra religião, que fique mais claro ainda. Mas quando eu falo em medo da igreja, o temor que sinto é pela visão paternalista e condescendente que é direcionada aos fiéis quando se toma, ou pretende tomar, conta de suas identidades e sentimentos mais íntimos, ao ponto de lhes ditar como conviver, dando sim a entender que toda e qualquer pessoa desacompanhada é, ou pode potencialmente ser, uma ameaça ao relacionamento dos casais. E isto me incomoda profundamente.
Primeiro, porque se está subentendendo que todo o amor que uniu um casal irá sucumbir ao menor sinal de "tentação". Mas que palhaçada! Que amorzinho paraguaio é este que só se sustenta na falta de outras opções? E que cônjugezinho mequetrefe é este que, dada qualquer "oportunidade", automaticamente olhará para toda pessoa solteira ao seu lado com segundas e terceiras intenções?
Só para ilustrar, segue um trecho do tal e-mail que julguei, de todos, o mais asssutador:
"Tenha bom senso com suas companhias
Evite gastar tempo desnecessário com alguém do sexo oposto. Muitos casos surgem por não se agir assim. Um executivo precisa de aulas particulares de inglês e contrata uma jovem professora. Contrate um homem. Não significa que cada contato com alguém do sexo oposto seja porta para o adultério. Significa evitar oportunidades para cair. Companhia contínua cria intimidade. Intimidade com o sexo oposto traz problemas."
Eu, provavelmente, teria ciúme se meu marido contratasse uma professora particular de inglês boazuda, não me entenda mal. Mas, poxa! Será possível que nós chegaremos, ou já chegamos ao ponto de "evitar" tempo "desnecessário" com o sexo oposto, ou igual, como se todo contato travado entre as pessoas neste mundo - e pessoas que tanto nos acrescentam é o que realmente não falta - fosse com o objetivo único, ou propensão, de cavar uma oportunidade para ser infiel ? Não sou ingênua. É evidente que há pessoas que realmente são assim. Há muitas. Parece de fato que tudo o que buscam são oportunidades de pular de cama em cama, estejam ou não casadas, noivas, juntadas, comprometidas. Mas isto deve me colocar e colocar a todos que agem por suas próprias cabeças e sentimentos - com a capacidade, PASME! de ser fiel aos seus sentimentos - no mesmo balaio, como se isto fosse tudo o que houvesse?
Que medo deste igreja ou de qualquer outra que me queira ensinar a ser leal por falta de opção. Me recuso a ouvi-la. Meu coração sempre costuma falar alto o suficiente.
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