Uma vitória diferente

Então é verdade que é possível?
Vitória do Silva! (João, Zé, Chico, Maria, Ana) Da Silva. Da Marina Silva.
Não, ela não ganhou nem foi pro segundo turno, INFELIZMENTE (e o meu lamento é assim, GARRAFAL). Mas ela ganhou de outro jeito. Ela superou, venceu, surpreendeu. Não a mim que esperava mesmo a vitória das urnas, mas a todos os são-tomés do sistema eternamente vigente que periodicamente troca de lado entre "esquerda" e "direita" sem nunca realizar mudanças na maneira de negociar, resolver, progredir. Deu coluna do meio. Deu a zebra. Não, não nas urnas e nem - ainda - no governo. Na crença e na esperança daqueles que nunca desistem de confiar no futuro deste país. No futuro, que o presente às Dilmas e Serras pertence. E talvez seja esta a bandeira deste tempo. Talvez não estejamos ainda totalmente prontos para falar em diálogo e meio-ambiente (mas... já não passamos da hora?).
Talvez ainda devamos passar por outros momentos e lutas antes de chegar a um real momento de mudança de consciência coletiva. De mudança de posicionamento, visão, estratégia, verdades, perguntas, alianças, projetos, realizações.
Não por acaso, a luz do fim (meio) do túnel veio batizada do nome que mais representa a população brasileira: silva. Assim mesmo, minúsculo de se misturar na multidão de pessoas sem rosto, sem voz, sem peso. Um zé da silva qualquer, quem nunca ouviu estas palavras? Equivalem a dizer: um zé ninguém. Hoje, ALGUÉM. Alguém que fala alto, em nome de vinte milhões de eleitores, convictos, espero, ou ao menos, esperançosos, da capacidade de viver num Brasil onde não haja pessoas sem rosto ou sem voz, onde todos dialoguem e busquem entendimento, onde hajam não apenas os mesmos velhos problemas estruturais, éticos, sociais, mas também, a disposição sincera em abordá-los e caminhar para resolvê-los.
Aliar-se sem comprometer-se. Parceria sem alienação de valores.
Esta mulher da silva qualquer, saída da pobreza e da doença, que ainda não sabia ler e escrever até os quinze anos de idade, hoje brilha ofuscante diante de nossos olhos. Enxergue-mo-la!
Via chegada a hora de nosso imenso país eleger ao seu cargo mais alto uma Mulher. E isto provavelmente, aconteça. Não a Mulher que eu sonhava, provavelmente não a mulher que sonhavam os quase vinte milhões de eleitores de Marina. Mas a mulher da maioria. Democracia é isto: vença aquele que mais eleitores o quiserem, e o aceitem os demais.
O brasileiro é um povo ainda novo, que como forma de protesto, quero crer, elege e quase elege, Tiriricas e Netinhos, respectivamente. Um povo aprendendo a votar, e errando no caminho como em todo aprendizado. Mas neste três de outubro, o silva se viu. Assim como se viu, ao eleger Luís Inácio Lula da Silva a este mesmo referido posto. Mas a silva de saias vem com dupla referência das minorias marginalizadas do Brasil: não apenas de origem humilde, mas mulher. Contrariando duas vezes as estatísticas que até muito pouco tempo determinavam quem poderia VENCER em nossa sociedade. No Brasil, assim como no mundo.
Sem confirmação das urnas, mas abraçada por vinte milhões de esperanças, a comemoração fica a cargo da semente lançada para um futuro que não tardará a chegar.
.
Assino embaixo do seu belo texto, amiga!!
ResponderExcluirMeu abraço a você!!