Edge

'Eu acredito no imponderável'.
Qualquer um poderia ter dito isso, mas eu ouvi da boca do teólogo Leonardo Boff. E me veio tão real, tão certo, tão honesto, tão preciso, tão exato para o tamanho do espaço que eu tinha naquele momento para ouvir. Foi lindo, como diria Caetano. Um encontro. Eu e o imponderável que sempre esteve presente nas minhas crenças e entranhas, mas andava ligeiramente encoberto.
Tão belo quanto difícil é entregar tudo ao imponderável.
Quando não se pode mais lutar sozinho, quando a fé esvai-se como o ar nos moribundos, quando o quase parece nunca e o nunca parece todo dia. Quando os seus limites já se ultrapassaram a si mesmos. Esta é a hora do imponderável. Como o estender de braços da criança que confia inteiramente no adulto que a leva pelas mãos. Não cega, que confiança cega é aquela que não quer enxergar. Mas lúcida. Lúcida e cansada de si mesma.
O cansaço não é ruim, é o mensageiro do aviso que chegou a hora de parar de brigar e começar a fluir.
Contraditório, vezes dizendo tudo, vezes dizendo nada. (Silêncio de fachada, estupefato em frente ao espelho de tanto falar do que ele não sabe, nunca vai saber)
Gostaria de saber meditar, conseguir observar a respiração pra dentro, pra fora... pra fora, pra dentro. (Observar a mente - soprou a consciência). Lamento não poder. Sinto o peito dentro do meu peito e o vento a me guiar a face. E a voz, o pensamento - balão de gás - minhas mãos se dando para apoiar este passeio até os confins de onde tudo começa e termina. Talvez lá o tesouro, meu ouro de pele e mel.
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