Make-believe

São as melhores paisagens que encantam
Curvas e esquinas, montes, catedrais, gente
Mundo novo, de caminhar com pétalas e pirulitos de amora
Eu nem vi o mar.

Cheiros de azeites, cores rubras, amizade
Na cafeteria, com o trocado,
peguei o bonde, sem saber do ponto final
Não quis conhecer a parada.

Tinha mais que um beijo na cidade
tinha um sonho, uma promessa de avelã
"laços tão gostosos que supúnhamos de seda" *
e eu indo, como o mar, e eu vindo.

É viagem que faz crescer os cílios e suar as palmas
Rigidez tem nome mau, sal grosso, varal vazio
Pendurei-me na roda gigante e saltei para o cavalo
onde girava um carrossel

Sou indignada, não-linear, sem pedigree
como as fadas - gnomos de asas e um pouco mais bonitas
Melancolia não viaja, fica no cais
Ave, monumento, chama póstuma

Lago não tem vez, não faz onda nem rebenta.
Só alcanço os galhos mais altos, e as frutas.
Quando cheguei, estava nada no lugar
casei com a órbita que me lambeu, e abraçou.


(* frase de Edson Marques)

Comentários

  1. "...Sou indignada, não-linear, sem pedigree
    como as fadas - gnomos de asas e um pouco mais bonitas
    Melancolia não viaja, fica no cais..."

    Esse é o trecho que mais me identifico. Não por acaso. Nem por acaso estou aquí. Intensidade chama intensidade.

    Beijo, menina.

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  2. Estou adorando essa nova fase. Amei o poema.
    Um beijo e um fim de semana igualmente intenso.

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