It's a kind of magic

As palavras são lindas sim. Sabemos disto, nós, os seus eternos admiradores.
Mas é um tipo diferente de magia, quando a palavra encontra a música: vira uma canção. E aí, meu amigo... salve-se quem puder. Ou, não. Fique e se perca deliciosamente.
Há alguns anos eu escrevi e postei o poema Seminova num blog antigo e tempo depois, o poema foi musicado. Belíssimamente musicado e cantado, diga-se de passagem, pelo cantor, compositor, arranjador, "tocador" de flauta e violão (será que esqueci alguma coisa?) Robson Barboza. Embora a composição já tenha um certo tempo de vida, eu só vim a conhecê-la agora. Herança desses encontros de arte e amizade que a gente tem o prazer de ter na vida. Para melhorar, eu tive a felicidade de não ser a primeira vez que isso ocorreu, já que outro poema do mesmo blog - Ainda Existe - havia virado mágica na voz e arranjos da compositora e violonista Luciana Dias. Desta eu ainda não tenho a gravação final.
Estou, enquanto escrevo, percebendo o quanto "mágica" e "música" se parecem. Proporcionalmente à falta de maturação do poema, que está longe de estar entre os meus preferidos, está a precisão da melodia. Mas acredito que não chegou a comprometer a magia.

Da música, eu tenho apenas luzes a dizer, e ouvidos para apreciar.

Esse alguém que conheci

tanto tempo atrás

Esse alguem que desnudou

ocultou, modificou.

Nada de mentiras mais

Nada de saltos fatais

Sem negar os dissabores

Meu caminho vale mais.

Tantas pontas a juntar

Pontilhados a traçar

Deixei pistas no caminho

se quisesse retornar.

Hoje as trilhas se apagaram

com a chuva, com o sol

Hoje as pistas se tornaram

isca, vara e anzol.

Não me valho mais de desculpas

Já não tenho tempo

para tantas culpas

Quem me viu, quem me vê

quem já nem se lembra mais

Hoje não fujo, hoje não me escondo

Meu caminho vale mais.

[Seminova, 12 de dezembro de 2005]