Pontes e Naufrágios
Recebi por email um texto interessante cujo tema era construir pontes. Não literalmente rs, mas nos relacionamentos que temos pela vida afora. Uma fábula sobre dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas e um dia se desentenderam, cortando relações.
" Foi a primeira grande desavença em toda uma vida trabalhando lado a lado, repartindo as ferramentas e cuidando um do outro. Durante anos eles percorreram uma estrada estreita e muito comprida, que seguia ao longo do rio para, ao final de cada dia, poderem atravessá-lo e desfrutar um da companhia do outro. Apesar do cansaço, faziam a caminhada com prazer, pois se amavam. "
Após a briga, bate na porta de um dos irmãos, um carpinteiro a procura de trabalho, o que lhe vem muito a calhar.
" Vê aquela pilha de madeira perto do celeiro? Quero que você construa uma cerca bem alta ao longo do rio para que eu não precise mais vê-lo. (o irmão mais novo). Acho que entendo a situação - disse o carpinteiro. Mostre-me onde estão a pá e os pregos que certamente farei um trabalho que lhe deixará satisfeito. "
Ao retornar da cidade, tendo deixado o novo contratado trabalhando em casa, o irmão mais velho enfurece-se com o resultado do trabalho.
" Em vez da cerca havia uma ponte que ligava as duas margens do riacho "
Diante disto, o irmão mais novo surge correndo pela ponte, de encontro ao irmão mais velho, o que lhes leva à se reconciliar, em meio à emoção e felicidade do momento.
"O carpinteiro estava partindo com sua caixa de ferramentas quando o irmão que o contratou pediu-lhe emocionado: "Espere! Fique conosco mais alguns dias". E o carpinteiro respondeu: "Eu adoraria ficar, mas, infelizmente, tenho muitas outras pontes para construir."
A moral da história é o questionamento entre precisarmos de um carpinteiro em nossas vidas ou sermos capazes de construir as próprias pontes.
Para mim, isto é o que menos importa, pois de uma forma ou de outra, o resultado é válido, seja com um "carpinteiro" ou com uma ponte de próprio punho. A dirença, é que, na vida real os carpinteiros são bem mais raros. Cabe mesmo aos "litigantes" resolver suas pendengas - ou não.
É bem verdade que existem os litigantes passivos e ativos. Os que causam uma situação, e os que se deixam levar por ela. E a maioria das pessoas mais sensatas e evoluídas vai dizer que , no final das contas e no panorama maior das coisas, não importa quem criou o problema, mas quem irá resolvê-lo. Bem, se cada caso é um caso, há controvérsias rs. Mas as controvérsias, talvez sejam só a exceção.
Se eu tivesse escrito a estória do irmãos, provavelmente levaria para outro lado a moral do fim. O buraco, apesar de ter ficado bonito na fábula, é mais embaixo.
A questão para mim é, quantas vezes alguém tentou construir uma ponte para chegar até você, e lhe encontrou de costas viradas e porta fechada? Ou até, quantas vezes a ponte sempre esteve ali e você não se levou a atravessá-la? Grande parte das vezes, muitas tentativas de ponte ficam pelo caminho, sem reciprocidade. Ao passo em que, muitas tentativas de ponte acontecem mesmo antes do litígio "final". Tentativas de pontes preventivas, para fortalecer, ao invés de remediar. É verídico, quando um não quer, dois não brigam. Nem constroem pontes.
O remédio, em tantas situações, acaba não sendo possível. Triste. O que não tem remédio, remediado está e fica. E com isto, todos perdem. Passivos, ativos e espectadores.
Vezes sem conta, ouvi aquela frase feita de que, se um relacionamento (em geral sobra para a amizade) acabou é porquê nunca foi de verdade. Não existe afirmação mais absurda! Foi de verdade enquanto durou, ao menos para quem o viveu com legitimidade e coração. Tantos acabam por bobagens ridículas. Tantos acabam por motivos perfeitamente consideráveis. Tanto acabam porquê simplesmente vão deixando de existir, naturalmente.
Mas é preciso também, e acima de tudo, estar atento aos relacionamentos que é possível salvar. Pontes e pontes passam despercebidas a todo momento.
Pontes sutis que abrem caminhos largos, e falam alto e forte.
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Já conhecia esta história/fábula, mas vê-la aqui com as tuas preciosas reflexões, confesso, teve outro sabor, o sabor de quem entende de relacionamentos humanos, que vive construindo pontes para chegar ao coração do semelhante, de quem sabe o valor de um afeto. Linda postagem, meu anjo!
ResponderExcluirFica um raio de sol a enfeitar tua tarde e um beijo no coração.
Oi, Bia. Gostei do espaço novo, viu? É preciso cuidar muito das nossas pontes . A manutenção é até mais difícil que a construção. è a engenharia da vida.
ResponderExcluirBeijo, querida.